Guarda-vidas de Piscina Brasileiro em Israel

Por Carlos Simquewitz

 

Eu cheguei em Israel em 2001 e vim em busca de mudar totalmente de vida e tentar fazer algo que me desse muito prazer e conseguir viver com decência .
Apos estudar arquitetura e marketing ... 

O que fazer sem o domínio do hebraico?

Comecei a trabalhar num parque nacional em Askelon, cidade em que vivia. E nesse parque , existia uma praia muito bonita e obviamente um posto de salva-vidas.

Os salva vidas de praia, em Israel, são funcionários da Prefeitura. São muito bem pagos (algo em torno de 3.000U$ limpos no bolso, isso podendo chegar aos 5.000 por tempo de carreira) e trabalham nas praias durante a temporada que vai de maio até outubro. E durante os outros meses, recebem 75% desse valor para ficarem em casa.
 

Nós sabemos o quanto e difícil o trabalho de um salva-vidas, mas em relação as outras profissões, eles tem um certa regalia e muito invejada e naturalmente alvo de criticas, etc....
Para resumir ... é uma máfia! Pois as prefeituras não contratam ou fazem concursos para entrarem novos funcionários. Simplesmente os cargos vão sendo passados dentro das famílias ou agregados, logo quem vem de fora, não tem vez!
Voltando ao parque... eu trabalhava na limpeza da praia (gari).
Logo no segundo dia de trabalho, um casal de russos completamente bêbados se enfiaram numa vala(corrente de retorno) e a coisa complicou pro lado deles. Eram 7 horas da manha e os salva vidas ainda não haviam chegado a praia. Vendo o que se passava e sendo criado dentro d´água, não foi difícil pra mim entrar e resgatar a dupla.

Foi quando o salva vidas do local chegou e me deu uma bronca e me chamou de irresponsável, etc...
Após a bronca eu pedi calma ao salva vidas e expliquei em inglês o que havia acontecido.Ele se acalmou (os Israelenses são todos muito estressados) e ai ficou tudo bem. Acabamos fazendo amizade e o mesmo me recomendou fazer um curso de salva vidas tipo 1 e me iniciar na "carreira", podendo começar a trabalhar em piscinas de imediato.
Fiz um curso intensivo (3 semanas) com aulas (em hebraico, mas tinha literatura em inglês e as provas teóricas foram feitas em inglês) praticas e teóricas, sobre as técnicas de salvamentos, primeiros socorros, etc... Tudo relativamente fácil , e fui aprovado.

Uma vez de posse da "teuda" (diploma em hebraico), fui procurar empregos nos hotéis da cidade. E consegui trabalhar no Holiday in de Askelon. E logo em seguida , consegui outro trabalho no Country Club da cidade, onde para prevenir que crianças se afogassem, comecei a ensiná-las a nadar.

 

O que eu não havia contado antes, foi que nadei quase uns 10 anos no flamengo (onde fui treinado pelo pai do falecido Rômulo Arantes) e depois joguei water polo também no flamengo, dai a minha intimidade com a natação. E nessa nova atividade, me revelei um grande professor tanto de crianças, como para terceira idade. Mas como eu não tinha uma "teuda" para exercer a profissão, corri atrás e fiz outro curso no instituto Wingate, que é o mais respeitado em Israel. Esse curso durou quase 8 meses (apenas duas aulas por semana), onde aprendi anatomia, fisiologia, psicologia, didática, metódica e o principal; pratica dentro da piscina! Foi tudo relativamente fácil, pois eu já tinha grande intimidade com tudo.

 

Sai de Askelon , por motivos particulares (amor), deixando muitas crianças prontas para nadarem com segurança e outros tantos adultos com a segurança recuperada. E fui em busca de novos desafios.

 

Vim morar perto de Tiberias e trabalhei durante 18 meses no hotel Caesar Tiberias, sendo responsável pela piscina e sua manutenção. E me orgulho de nunca ter tido um caso de afogamento!

Após Tiberias, vim viver em Haifa, aonde moro e trabalho no hotel Meridien de Haifa.
Esse ano pretendo fazer a prova para salva vidas de praia e assim tentar entrar para a "máfia", eheheh!

Aqui eu não vi nada parecido com o projeto "botinho", que alias eu fiz a uns 35 anos atrás, e acho que a idéia poderia dar certo por aqui.

 

 

Um Abraço

Salva-Vidas Carlos Sinquewitz