CHOQUE TÉRMICO – o que há por traz deste pesadelo?

Sempre ouvimos falar deste tal de “choque térmico”, e os danos que ele pode causar.
Será verdade, ou é um exagero popular?

Seu nome correto é “hidrocussão” ou Síndrome de Imersão. É um acidente provocado pela súbita exposição a água com uma temperatura 5C abaixo da corporal. Pode ocorrer portanto em temperaturas da água tão “quentes” quanto 31C, freqüentemente presente em nosso litoral ou em piscinas, ou até mesmo em um banho de chuveiro. Quanto maior a diferença de temperatura, e mais súbita a exposição, maior a possibilidade de sua ocorrência. Este súbito contato com a água mais fria com o nosso corpo estimula uma parte do sistema autônomo (vagal) produzindo então uma arritmia cardíaca ou na pior das hipóteses a parada cárdio-respiratória (PCR). A arritmia cardíaca reduz a capacidade do coração em bombear sangue produzindo então a queda súbita da pressão arterial e a conseqüente perda da consciência. Como estas situações ocorrem geralmente dentro da água, o afogamento é a conseqüência imediata deste acidente, e a morte é o resultado final ,caso esta vítima não seja imediatamente socorrida.

O “choque térmico” pode ser reduzido ou evitado se molharmos a face e a cabeça antes de mergulhar provocando ou antecipando a arritmia, antes de entrarmos efetivamente na água.

Caso você testemunhe um caso de choque térmico, retire imediatamente a vítima de dentro da água e inicie o suporte básico de vida.
1o – Coloque a vítima em área seca paralela a água, de forma que você fique com suas costas voltada para o mar, e a vítima com a cabeça do seu lado esquerdo.
Cheque a resposta da vítima perguntando, Você está me ouvindo?
2o – Se houver resposta da vítima ela está viva, avalie então se há necessidade de chamar os bombeiros e aguarde o socorro chegar. Se não houver resposta – Ligue ou peça a alguém para ligar 193 chamando os Bombeiros, e,
3o – Abra as vias aéreas, colocando dois dedos da mão direita no queixo e a mão esquerda na testa, e estenda o pescoço.
4o – Cheque se existe respiração, ouvindo e sentindo a respiração e vendo se o tórax se movimenta.
5o – Se não houver respiração – Boca-a-boca – Obstrua o nariz utilizando a mão da testa, e com os dois dedos da outra mão abra a boca e inicie a primeira ventilação boca-a-boca observando a elevação do tórax, e logo em seguida a seu esvaziamento, faça uma segunda, terceira, quarta e quinta ventilação.
6o – Se a vítima se movimentar ou reagir ao boca-a-boca mantenha somente a ventilação com 12 vezes por minuto até retorno da respiração normal.
7o – Se a vítima não movimentar ou reagir ao boca-a-boca, passe os dois dedos pelo abdômen e localize o encontro das duas últimas costelas, marque dois dedos e inicie 15 compressões cardíaca externa. As velocidades destas compressões devem ser de 100 vezes em 60 segundos (cada 2 em 1,2 segundos). Em crianças de 1 a 9 anos utilize apenas uma mão para as compressões.

Mantenha alternando 2 ventilações e 15 compressões, e não pare até que:
a – haja resposta e retorne a respiração e os batimentos cardíacos,
b – Você entregue a vítima a uma equipe médica, ou;
c – caso você fique exausto.

Dr David Szpilman

Dr David Szpilman

Dr David Szpilman - Sócio Fundador, Ex-Presidente, Ex-Diretor Médico e atual Secretário-Geral da SOBRASA; Ten Cel Médico RR do CBMERJ; Médico do Município do Rio de Janeiro; Membro do Conselho Médico e Prevenção da International Lifesaving Federation - ILS; Membro da Câmara Técnica de Medicina Desportiva do CREMERJ. www.szpilman.com